quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O estranho mundo da Síndrome de Asperger

*Gabriely Santos

Foto: Filme Mary e Max
A chamada Síndrome de Asperger é um dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID) e se parece com o autismo porque não causa retardo no desenvolvimento cognitivo ou de linguagem do indivíduo. Falando assim, provavelmente, você não pensa em ninguém, se trata de uma doença bem rara. No entanto, pense em alguém que não olhe nos olhos quando fala, que não entende ironias, criticas ou castigos. E que também não entende que a gente deve se comportar de maneiras diferentes nas situações sociais, aliás, situações sociais são um pesadelo para as pessoas com essa síndrome. Ah sim, e essa pessoa também tem uma memória excepcional e grande interesse em matemática e ciências. Nesse momento, qualquer pessoa que já tenha assistido The Big Bang Theory pensou no Sheldon. 

Mas o que é engraçado diante das telas, não é tão interessante quando a vida não é uma série, como mostra o filme, que é baseado numa história real, Mary e Max, que conta a história de Max, um cara com Síndrome de Asperger e que conhece Mary por correspondência, completamente ao acaso. 

Max é um cara solitário e obeso que encontra na amizade de Mary – bem, na correspondência deles – um confronto em sua existência, ele volta a se debater com os fantasmas da juventude e ao fato de nunca ter amado ou entendido os sentimentos. Max se sente confuso e entra em depressão, é internado, sofre horrores e nem consegue chorar, nesse meio tempo, em que a correspondência com Mary é interrompida ela também sente muito sua falta.Quando ele conta a verdade da síndrome para ela, ela resolve pesquisar uma cura pra doença do seu amigo. 

Mary também lê "O homem que confundiu sua mulher com um chapéu do neurologista", de Oliver Sacks, um livro de contos sobre casos de seus pacientes, como o caso do homem e o chapéu, que realmente aconteceu porque o cara sofria de agnosia visual e não conseguia ter uma visão panorâmica das coisas – como todo mundo – daí a cumprimentar hidrômetros da rua pensando serem crianças, ou mesmo, confundir a mulher com o seu chapéu. Voltando ao filme, não vou contar o resto pra não estragar o final do filme pra quem tiver a fim de assistir – o que eu recomendo muito. 

A parte de Max passa toda em preto e branco e a de Mary toda em sépia – simbolizando nele a Síndrome de Asperger e nela, a depressão. No estranho mundo das doenças mentais, a Síndrome de Asperger ainda é marginalizada, muitas vezes, pessoas com a síndrome passam a vida inteira sem ter a doença diagnosticada, sendo apenas considerados pessoas “estranhas” e o histórico da doença – que não pode ser confirmado, uma vez que ela foi “descoberta” recentemente, tem grandes personalidades como Albert Einstein, o físico Isaac Newton, o compositor Mozart, o pintor renascentista Miguel Angelo, o filósofo Wittgenstein, bem como o pai da Pop-Art Andy Warhol. Não há cura definitiva para a doença, porque ela afeta a forma como o cérebro processa a informação, mas se diagnosticada precocemente, há grandes chances de a pessoa ter uma vida normal, com a ajuda dos pais, além, claro de um tratamento psicológico. 

*Gabriely Santos é acadêmica IV nível do curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo da UPF.

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