Kaira Monteiro dos Santos*
Pensei em falar sobre vários festivais de músicas que acontecem no Brasil, longe ou perto, alguns desses homenageando grandes compositores como o Ataulfo Alves no Rio de Janeiro, Ari Barroso em Minas Gerais. Mas, sabe-se que o nosso Estado também promove grandes festivais, como o Carijo da Canção Gaúcha em Palmeira das Missões, que já revelou muitos nomes da música nativista. Este movimento veio a tona em 1980 com a Califórnia da Canção Nativa, na cidade de Uruguaiana; aí resolvi ser um pouco bairrista e falar sobre um festival mais próximo a cidade de Passo Fundo a Seara da Canção Gaúcha, que foi idealizada um ano após a Califórnia de Uruguaianda, a partir do programa de rádio Raízes do Sul, do locutor Aylton de Jesus Magalhães. Ia ao ar em uma rádio de Carazinho e o nome deste festival vem de encontro à identificação regional, onde Seara tem o significado de campo cultivado, que em épocas longínquas eram cultivados na cidade de origem onde a agricultura sempre foi um dos maiores movimentos econômicos.
Palco da Seara da Canção Gaúcha de Carazinho / Fonte: Google imagens |
As primeiras edições foram concebidas pela rádio Carazinho e teve o apoio de vários membros da comunidade. As edições a partir da terceira foram realizadas pela então recém fundada Associação Seara de Arte e Cultura Gaúcha que promoveu as demais edições; muitos foram os festivais agregados a Seara, tanto para se fortalecer quanto para firmar o evento em si. Um deles foi o Chamamento Cultural da Seara que paralelo ao festival discutia questões relacionadas ao regionalismo e a transformação da nossa cultura musical em um assunto independente, ampliando o folclore musical do Rio Grande do Sul e as discussões criticas e reflexivamente em âmbito local, regional, nacional e até mesmo internacionalmente. Até este ano, foram realizados 17 edições, da primeira à 15ª foram anuais. A próxima edição só aconteceu após sete anos em 2003.
Aylton Magalhães e Rui Biriva / Fonte: Google imagens |
Muitos nomes que hoje são consagrados dentro da música gaúcha, tiveram seu primeiro destaque na Seara, como Porca Véia, Borguetinho, Daniel Torres, Cezar Passarinho, Dante Ramon Ledesma e Fátima Gimenes, entre eles Rui Biriva, que nasceu em Horizontina e se tornou um dos grandes nomes da música regional do Rio Grande do Sul, colecionando inúmeros prêmios, entre estes venceu a Seara em 1984, com a música “Santa Helena da Serra” que ele compôs em parceria com José Luiz Vilela.
Depois da Seara, a cultura e pesquisa sobre as tradições gaúchas nunca mais foi a mesma, resgatando conhecimentos que tinham se perdido ao longo do tempo, também contribuindo com o desenvolvimento econômico regional e trazendo à tona os costumes, lidas de campo e outros elementos regionais. No ano passado a cidade de Carazinho resolveu fazer uma nova edição da Seara, reeditando o já conhecido festival e colocando ambos novamente no cenário da música regional gaúcha.
* Kaira Monteiro dos Santos é aluna do Curso de Jornalismo da UPF, VII nível .
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