Dulci Sachetti*
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A aposentadoria – valor proveniente da contribuição vitalícia do trabalho devidamente regulamentado – deveria chegar naquela hora de sossego, juntamente com os netos e as visitas de domingo. Certamente chega; com o valor minuciosamente calculado e proporcional, limitada diante do carinho traduzido em presentes e gastos consequentemente.
Salário, aposentadoria, benefícios sociais, todos alimentam e impulsionam a economia. Os impulsos, casualmente, também traduzem o gasto exagerado dos aposentados com presentes, empréstimos e endividamentos. Na ânsia de agradar, atender desejos e pedidos os idosos contraem dívidas, que muitas vezes, consomem todo o dinheiro mensal recebido. Aí o sossego sai de campo, os netos e as visitas de domingo permanecem, cada vez mais sedentos de agrados e ajuda financeira.
Antigamente as crianças, fossem filhos ou netos, se satisfaziam com balas, chocolates e chicletes. Não era raro ganhar de uma vovó que acabara de conhecer uma balinha. Semana passada os passageiros de um ônibus se surpreenderam com a cara de nojo que uma menininha fez a uma vovó que lhe ofereceu uma bala, mesmo a mãe insistindo “Aceite, fulaninha”. Logicamente a menina não aceitou; hoje além dos presentes não serem mais tão simples, caso sejam doces, tem de carregar o apelo mercadológico. Talvez, se a vovó oferecesse uma balinha rosa e a mãe insistisse “Aceite fulaninha, é da Barbie óh”, a receptividade fosse outra.
Dizem que o ser humano retrocede a medida que envelhece; começa e termina da mesma forma, com as mesmas limitações caso tenha a oportunidade de envelhecer. À medida que o tempo passa e a morte se aproxima a flexibilidade, o carinho e a brandura, não tão presentes na época de criação dos filhos, se instaura no convívio com os netos e a forma de se relacionar muda em relação à outrora. É difícil dizer um não à essa altura da vida, mas necessário, principalmente porque as balas baratas já não saciam mais os netos e filhos e o cálculo da aposentadoria também não acompanhou a inflação das necessidades contemporâneas.
Saiba mais...
*Dulci Sachetti é acadêmica do curso de Jornalismo da UPF, Vº nível.
Salário, aposentadoria, benefícios sociais, todos alimentam e impulsionam a economia. Os impulsos, casualmente, também traduzem o gasto exagerado dos aposentados com presentes, empréstimos e endividamentos. Na ânsia de agradar, atender desejos e pedidos os idosos contraem dívidas, que muitas vezes, consomem todo o dinheiro mensal recebido. Aí o sossego sai de campo, os netos e as visitas de domingo permanecem, cada vez mais sedentos de agrados e ajuda financeira.
Antigamente as crianças, fossem filhos ou netos, se satisfaziam com balas, chocolates e chicletes. Não era raro ganhar de uma vovó que acabara de conhecer uma balinha. Semana passada os passageiros de um ônibus se surpreenderam com a cara de nojo que uma menininha fez a uma vovó que lhe ofereceu uma bala, mesmo a mãe insistindo “Aceite, fulaninha”. Logicamente a menina não aceitou; hoje além dos presentes não serem mais tão simples, caso sejam doces, tem de carregar o apelo mercadológico. Talvez, se a vovó oferecesse uma balinha rosa e a mãe insistisse “Aceite fulaninha, é da Barbie óh”, a receptividade fosse outra.
Dizem que o ser humano retrocede a medida que envelhece; começa e termina da mesma forma, com as mesmas limitações caso tenha a oportunidade de envelhecer. À medida que o tempo passa e a morte se aproxima a flexibilidade, o carinho e a brandura, não tão presentes na época de criação dos filhos, se instaura no convívio com os netos e a forma de se relacionar muda em relação à outrora. É difícil dizer um não à essa altura da vida, mas necessário, principalmente porque as balas baratas já não saciam mais os netos e filhos e o cálculo da aposentadoria também não acompanhou a inflação das necessidades contemporâneas.
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*Dulci Sachetti é acadêmica do curso de Jornalismo da UPF, Vº nível.
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