sexta-feira, 17 de junho de 2011

O meu, o seu e o nosso meme

 Marcus Freitas*
 
A internet é uma selva. Poderia ser um velho oeste, uma terra sem leis, mas ela está mais assemelhada a uma floresta cheia de criaturas e ambientes estranhos. Em cada canto e a cada segundo surgem incontáveis imagens, sons e tendências. A modinha do momento é os chamados “memes”. Quem tem acesso à internet com certeza conhece o cachaceiro Jeremias, ou viu a gordinha do sanduíche-íche se enrolar totalmente nas palavras. Ora bem, isto é um meme, algo que se espalhou na internet e todo mundo acabou vendo. Nas redes sociais, como Twitter e YouTube, eles se reproduzem como coelhos absurdamente excitados.
 
O termo meme foi cunhado pelo biólogo inglês Richard Dawkins. A transmissão da cultura era o objeto de seu estudo. A humanidade se perpetua através do DNA, sigla para ácido desoxirribonucleico, a unidade fundamental da vida. O DNA se multiplica, replica e transmite via hereditariedade todas as informações necessárias para criar uma vida. Dawkins percebeu que a cultura também pode ser transmitida pelas gerações. Em ilhas ao redor da Nova Zelândia, o biólogo estudou uma ave que, dependendo da região que habitava no local, tinha um canto diferente das outras da mesma espécie. Uma mutação ou uma falha na ave específica e seus filhotes irão imitá-la, criando assim um novo canto. Nada de tininas, guaninas e adeninas, apenas a imitação de uma ação, mimetização, “mimeme”. 


Em miúdos, um som, uma imagem, um modo de agir durante uma determinada situação que pode ser assimilado por outras pessoas de maneira análoga com os genes, mesmo não tendo bulhufas a ver com esta última. Alguém do seu lado começa a cantar aquela musiquinha chata pra cacete e dali uns minutos é você que está com a musiquinha na cabeça. Repita este processo algumas vezes e teremos um meme. Em termos mais conceituais, o meme é uma forma da cultura se autopropagar. 


Na internet, os memes assolaram os sites, blogs e redes sociais. Os principais surgiram originalmente no fórum 4chan – e seus desocupados usuários – e expressam sentimentos ou situações rotineiras. Memes são desenhados de maneira bem simples (ah vá, são toscos mesmo), o que facilita que outros usuários criem e recriem as histórias. Tudo começou com o Rage Guy, também conhecido como FU, e representa uma sensação de “deu merda, f*deu”. O mais bacana talvez seja o “trollface”, ou seja, aquele fulano espertinho ou desgraçado que sempre sacaneia ou coloca alguém em uma situação bastante constrangedora.  O nome do “fuckyea” já diz tudo: quando você se sente foda, seja por acertar a quantidade de Coca-Cola na servida do copo ou por achar R$ 5 na rua. Mas tudo fica mais depressivamente engraçado com o “forever alone”, retrato certeiro daquele cidadão que não tem amigos, não come ninguém, mora com os pais e passa o dia inteiro lendo memes na internet. 

Agora não fique se achando um fuck yea:  desligue esse computador e saia um pouco de casa, a não ser que você queira ficar forever alone.



*Acadêmico do VII nível de Jornalismo On Line

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