segunda-feira, 14 de junho de 2010

Nada é igual nas noites de vento

Denise Pacassa, acadêmica do VII nível de jornalismo.


mmmAconteceu já faz alguns anos, quando as noites de inverno eram ainda mais gélidas na serra gaúcha e, ao lado do fogão a lenha, nada mais se podia fazer a não ser tomar um bom chimarrão e comer amendoins torrados, pinhão ou quem sabe até umas batatas doces à recém tiradas do forninho.
mmmFoi nesse cenário que cresci. Com os pulmões fracos e sempre adoentada, acostumei-me a ver a vida através da janela que enquadrava o forte inverno gaúcho. As plantas que se balançavam arqueando-se com o vento e as pessoas escondidas dentro das roupas de lã, mantas, luvas, polainas e chapéus.
mmmTambém não foi bem uma lenda, mas para mim tornou-se uma.
Em meados de maio, quando as folhas iniciavam seu fatídico destino em sua dança, coreografada pela natureza, da copa das árvores até o chão, que eu folhei as primeiras páginas do que seria o início de uma gostosa paixão: O Tempo e o Vendo.
Érico Veríssimo esquentava meu tempo ocioso com suas histórias quando Ana Terra virou uma lenda para mim. Ciente da força e determinação dessa mulher gaúcha, eu seguia com atenção sua saga.
mmmFoi lá pelas tantas que dos infortúnios da vida da minha mártir, ela exclamou a seguinte frase: “Noite de vento, noite dos mortos”.
Desde então nunca mais pude passar tranqüila pelas noites de minuano gaúcho. Sempre que o vento toca meus ouvidos, posso ouvir a voz, sempre imaginária, de Ana Terra exclamando aquela frase.
mmmPorém em minha vida, graças a Deus, tudo isso não passa de uma lenda, quase como a mula sem cabeça e outras tantas. As vezes assombra a minha mente e eventualmente me tira o sono, mas nunca se concretizou.

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