Denise Pacassa, acadêmica do VII nível de jornalismo.
mmmAconteceu já faz alguns anos, quando as noites de inverno eram ainda mais gélidas na serra gaúcha e, ao lado do fogão a lenha, nada mais se podia fazer a não ser tomar um bom chimarrão e comer amendoins torrados, pinhão ou quem sabe até umas batatas doces à recém tiradas do forninho.
mmmFoi nesse cenário que cresci. Com os pulmões fracos e sempre adoentada, acostumei-me a ver a vida através da janela que enquadrava o forte inverno gaúcho. As plantas que se balançavam arqueando-se com o vento e as pessoas escondidas dentro das roupas de lã, mantas, luvas, polainas e chapéus.
mmmTambém não foi bem uma lenda, mas para mim tornou-se uma.
Em meados de maio, quando as folhas iniciavam seu fatídico destino em sua dança, coreografada pela natureza, da copa das árvores até o chão, que eu folhei as primeiras páginas do que seria o início de uma gostosa paixão: O Tempo e o Vendo.
Érico Veríssimo esquentava meu tempo ocioso com suas histórias quando Ana Terra virou uma lenda para mim. Ciente da força e determinação dessa mulher gaúcha, eu seguia com atenção sua saga.
mmmFoi lá pelas tantas que dos infortúnios da vida da minha mártir, ela exclamou a seguinte frase: “Noite de vento, noite dos mortos”.
Desde então nunca mais pude passar tranqüila pelas noites de minuano gaúcho. Sempre que o vento toca meus ouvidos, posso ouvir a voz, sempre imaginária, de Ana Terra exclamando aquela frase.
mmmPorém em minha vida, graças a Deus, tudo isso não passa de uma lenda, quase como a mula sem cabeça e outras tantas. As vezes assombra a minha mente e eventualmente me tira o sono, mas nunca se concretizou.
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