sábado, 5 de dezembro de 2009

Sem você sou pá furada!

Verônica faquin, acadêmica do VI nível de Jornalismo.

É assim, uma discussão que não tem fim, como todo o casal doentio que vive entre tapas e beijos, mas não pode viver separado. Já diria Mart’nália “porque na vida quem quer paz, amor não têm”. E foi esta noite, depois de um louco sonho, que parei pra pensar: o que é do cinema sem a literatura e da literatura sem o cinema? Todos num pub, no subúrbio da Inglaterra, e Fellini se manifestou:
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- Há muita coisa em jogo. É preciso ter coragem. E Burton, o rei do lúdico rebateu.
- O que é que você está dizendo Fellini?
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Ao fundo Howard Hawks gargalhava juntamente com seu amigo Spielberg, o rei dos dinossauros.
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- Estou dizendo que o público está insatisfeito com estes filmes.
- Que filmes? Não sei quanto aos seus, mas Edward e Cia. sempre fizeram sucesso.
- Não. Mio filme agradam todas as pessoas, pensa que não sei que me assistiu quando era jovem? Aposto que ainda vê meus filmes.
- É não posso esconder que você é um mestre.
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- Pois bem, voltando à conversa, estes filmes, baseados em obras literárias.
- Está ficando louco italiano? Qual o seu problema com roteiros adaptados de obras literárias? Depois que fiz Alice, só penso em adaptações.
- Estou descrente desses homens da literatura. Não podemos mais depender deles?
- Cala-te homem, não sabe que não há cinema sem literatura?
- É que não há como preservar estas histórias de hoje no original. Elas são muito ruins.
- Mas não há necessidade para tal – Burton olha desconfiado, este não é o Fellini de tempos idos.
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- Eu sei que não, mas é que se não fizemos a história do jeito que eles querem, já começa a chiar.
- Tudo bem Fellini, mas deste modo não te reconheço. É claro que precisamos de recortes, ajustes e enxugamentos, você verá o que é a minha Alice... Está mais para um país das assombrações.
- Admiro a tua coragem, mas acho que já não posso engajar a literatura com o cinema a menos que...
- Que o que? Isso homem, força. Coma uma pizza.
- Eu sou um roteirista-cineasta e decido que não abandono os livros, mas deles só filmo o que ficar na minha memória.
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E assim, Fellini como os hermanos, em sua harmoniosa paquetá reconhece, literatura sem você sou pá furada.

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