Por Guilherme da Silva Cruz
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Me movimento lentamente pelas ruelas que desenham veias, me debruço pelo para-peito arquitetado canonicamente pelo desing europeu, é um distúrbio contentar-se em nada mais ser além do que som......... Silêncio porque a vida de um homem sucumbe. Arestas musicais que saem dos ralos, e que na baixada da baixeza nada diz, repetem-se movimentos, conduz olhar, mas nada mais se apresenta naquela noite urbana pelo poste cimentado.
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Então o ensaio soturno mapeia a ralé cuspida, temos a dança de um mendigo, a cantoria das prostitutas, e por conseqüência a filosofia da meretriz, andamos mais e vemos a encenação dos meninos de rua, e arte no fim se mostra fixada pelo pichador. Naquela galeria ao céu aberto o Curador bate palmas pela diversidade, desafia onde a arte não estaria, vangloria a pujança da pobreza que se mostra, e consegue dizer mais que a classe média estagnada. Um choque de realidade altera o discurso do Curador, que no mês passado fechou a sua galeria no bairro Morumbi. Hoje ele atalha por esgotos atrás de um novo conceito, de um novo gênio, de nuances espetaculares que seus diários coquetéis não deixavam ver.
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Viva o esgotamento do nada!
Viva a liberdade de achar bonito!
Viva as seringas!
Viva a sujeira!
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O homem raquítico que se escondia num terno muito bem cortado abria a camisa para ser como os “seus”. O Curador é mais um tomando cachaça, e aumento o coro na roda de samba. E ele continuava a bradar seus “vivas”. Pobre homem - dizia o garçom. Não, meu amigo, eu agora sou um clandestino em minha vida – assim ele dizia, e ali ele ficava. Nunca exerceu seu papel digno de cidadão, sempre teve a consciência de desviar o olhar causo algo lhe fizesse mal-estar. Hoje ele olha. Melhor, hoje ele encara (e ainda por cima ri). Se tornou um homem imponente, que torcia pela selvageria e incentivava o tráfico. O Curador nunca mais apareceu por aqui.
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Que pena.
Que pena.
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Em algum tempo atrás desmistificaram qualquer “Charles Anjo, 45”, qualquer “Zé Pequeno”, ou um “Zé do Caroço”. Por que é tão necessário esses “santos de favela”?
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O Curador vive bem na América do Norte. Não virou “cantor de mambo”, hoje ele vende a brasileiridade aos gringos.
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Viva o esgotamento do nada!
Viva a liberdade de achar bonito!
Viva as seringas!
Viva a sujeira!
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